Todo ser humano vivo respira. O ideal é que inspiremos o ar pelas narinas e não pela boca pois, quando o ar penetra pelas fossas nasais, ele é aquecido e umidificado, além de possuir estruturas apropriadas para reter as partículas mais espessas de poeira, o que não ocorre quando o ar entra pela boca.
Assim, o ar desce pela faringe, passa pela laringe e chega à traqueia. A traqueia se divide em dois tubos que são os brônquios, que vão dar nos pulmões.
Dentro dos pulmões, esses tubos se dividem em ramificações cada vez mais finas que terminam nos alvéolos, que são pequenas bolsas com muitos vasos sanguíneos onde ocorre a troca gasosa, o Oxigênio entra e o Gás Carbônico sai. Entre os alvéolos temos o interstício.
A pneumonia pode ocorrer na região dos alvéolos pulmonares ou nos interstícios. Nas pessoas idosas e nas crianças pequenas, o quadro pode ser mais grave e requer cuidados específicos. Se foram devidamente tratadas, as pneumonias não deixam sequelas.
As pneumonias são provocadas geralmente pela penetração de um agente, irritante ou infeccioso no espaço alveolar, onde ocorre a troca gasosa e que deve estar sempre muito limpo, sem nada que impeça o contato do ar com o sangue.
A presença de qualquer substância estranha, seja uma bactéria, um vírus ou um agente irritante, vai provocar uma reação inflamatória intensa, uma tentativa do organismo se defender, e tem como objetivo expulsar o invasor.
Essa é a Pneumonia. A palavra Pneumonia vem do Grego PNEUMON, “pulmão”, mais o sufixo -IA, aqui usado para caracterizar doença.
Conforme o local que se adquiriu a pneumonia, ela é classificada como:
– adquirida na comunidade: acomete o indivíduo fora do ambiente hospitalar ou nas primeiras 48hs a 72hs após a internação do paciente;
– adquirida no hospital: pneumonias hospitalares ou nosocomiais, são aquelas adquiridas após 48horas da internação do paciente e que se manifeste durante sua permanência no hospital ou mesmo após a alta, uma vez que possa ser relacionada com a hospitalização
– adquirida nas instituições asilares: acomete indivíduos institucionalizados, em Asilos, Casas de Saúde e Casas de Repouso.
A incidência de pneumonias nos idosos aumenta durante os surtos de gripe, o que leva a um maior número de internações. Alguns estudos mostram que os idosos com pneumonia internam 3 a 4 vezes mais do que os adultos jovens com pneumonia adquirida na comunidade. Já as pneumonias em asilos são de 2 a 4 vezes mais frequentes do que as adquiridas na comunidade.

Durante a internação, o paciente idoso tem maior chance de desenvolver as pneumonias nosocomiais, que no caso dos idosos, aumentam o tempo de permanência de internação e têm maior incidência de mortalidade.
O índice de mortalidade nos casos de pneumonia varia entre 24% e 50%, podendo chegar a mais de 70% quando causada por microrganismos multirresistentes. Segundo um estudo realizado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos, a pneumonia lidera como causa de morte por infecções e é responsável por mais de 3,4% de todas as internações nos Estados Unidos.
Em crianças de um mês a cinco anos de idade, a pneumonia continua sendo a principal causa de morte no mundo, aproximadamente 14% dos óbitos de crianças.
Um estudo brasileiro demonstrou que a pneumonia foi responsável por mais de 28,9% de todas as infecções nosocomiais.
A pneumonia adquirida no hospital (nosocomial),tem uma alta taxa de morbidade e mortalidade, 20% a 50% dos pacientes com pneumonia nosocomial morrem principalmente os que estão em UTIs ou em suporte ventilatório. Quanto maior for o tempo de hospitalização, maior a possibilidade de se adquirir a doença, caso higiene oral seja deficiente.
Sabe-se que a cavidade bucal abriga quase 50% de toda microbiota do corpo humano, atingindo cerca de quinhentas espécies de bactérias, fungos e vírus. Esses microrganismos residem em ecossistemas denominados biofilme.
O biofilme bacteriano, se forma nos tecidos dentários da cavidade oral e pode ser uma importante fonte de bactérias que pode estar relacionado com infecções pulmonares.
Para que ocorra a doença é necessário que vários fatores ocorram simultaneamente. O hospedeiro deve estar suscetível na parte sistêmica e local, deve haver espécies bacterianas e um meio ambiente que propicie a doença ou não iniba a ação do microrganismo patogênico.
Os microrganismos patogênicos respiratórios típicos colonizam a placa dentária de pacientes hospitalizados para tratamento intensivo e, uma vez estabelecidos na boca, esses patógenos podem ser aspirados para o pulmão e causar infecção.
Estudos demonstram que uma pobre higiene oral, o acúmulo de placa bacteriana e a consequente inflamação do periodonto, podem favorecer a colonização por patógenos respiratórios na região da orofaringe, principalmente em pacientes acamados em hospitais ou em casa.
Existem várias evidências de que em determinadas populações de risco, a periodontite e saúde oral deficiente podem estar associadas a diversas condições respiratórias.
A doença periodontal tem sido considerada um fator de risco para algumas patologias do trato respiratório, dentre elas a pneumonia. A cavidade oral e a região da orofaringe servem como um reservatório para patógenos respiratórios assim há uma associação entre a pneumonia nosocomial e a presença de biofilme ou doença periodontal.
Portanto é necessário realizar intervenções ou combinações de intervenções de higiene oral eficazes para a eliminação ou redução desses patógenos em ambiente hospitalar.
Em um estudo que avaliou a relação entre a placa dental e a infecção hospitalar, aqueles indivíduos que apresentaram colonização por patógenos respiratórios potenciais tinham aproximadamente 10 vezes mais chance de desenvolver pneumonia hospitalar. A colonização da placa dental por patógenos respiratórios foi observada em quatro de cinco pacientes que desenvolveram pneumonia durante a estadia na UTI.
Um estudo de uma população de idosos no Japão concluiu que a mortalidade devido a pneumonia foi 3,9 vezes maior em pessoas com 10 ou mais dentes com uma profundidade de sondagem de bolsa periodontal superior a 4 mm de do que naqueles sem bolsas periodontais.
A negligência das condições orais serve como fator de risco à pneumonia, a higiene oral e a terapia periodontal ajudam a prevenir o início e a progressão da pneumonia.
Um tratamento periodontal eficiente associado à melhoria da qualidade de higiene bucal pode reduzir a prevalência de microrganismos patogênicos na cavidade bucal e, assim, contribuir para a prevenção de infecções respiratórias graves em indivíduos vulneráveis.
Deve-se, portanto, estimular os cuidados com a higiene oral, principalmente dos idosos. Verificar as condições das próteses dentárias quanto a sua higiene e conservação, inclusive presença de placa bacteriana aderida à superfície das próteses. É imperativo que os idosos visitem periodicamente o Cirurgião Dentista para avaliação das condições bucais e das próteses e realizar terapia periodontal periodicamente.
O responsável pelo idoso, seja em casa ou no asilo, o cuidador e/ou o enfermeiro responsáveis devem estar aptos a realizar procedimentos de higiene oral e das próteses e tem por obrigação zelar pelos cuidados com a higiene bucal dos mesmos, seja realizando a higiene quando os idosos não têm a possibilidade de fazer por si mesmos, seja conferindo a higiene quando os idosos mesmos têm capacidade de realizar tais tarefas.
Desta forma, atuando preventivamente, internações são evitadas e os riscos são minimizados.

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